quinta-feira, 7 de junho de 2012

Descubra as sete diferenças


Os marinheiros estão desejosos de chegar e logo de partir, dizem.

Diz-se que são, inconformados de olhos desfocados em busca de novos cenários para aventuras de fazer gelar o sangue ao mais valente; de trazer até à amurada as fauces de monstros saídos das profundezas; dizem mesmo que depois de uns quantos Gins ou Runs fecham ainda mais a alma enquanto vão soltando a língua e abrindo a boca de espanto a quem os oiça e compreenda. Nessas ocasiões veem à ribalta sereias de cabelos dourados cantando em timbre de harpa, selvagens tatuados rangendo dentes e brandindo facas descomunais; por vezes, baixando a voz, até falam de dobrões d’oiro, diamantes, esmeraldas e rubis, dentro de baús de grosso ferro, enterrados à sombra de três palmeiras de uma ilha deserta no meio dum mar imenso.

Na verdade nunca ouvi marinheiro em discurso directo mas, um amigo que foge para tudo quanto é porto e doca jurou-me que é errado falar assim de marinheiros. Tornou evidente que, tal como as marés e os pôr-do-sol, não há dois marinheiros iguais.
Contudo, disse ele, numa coisa em particular são todinhos iguais – no desejo de possuírem embarcação própria para capitanear. Contou aliás que os dois dias mais felizes de um marinheiro são: o primeiro, o da compra do batel e o segundo quando se desfazem dele, por um pataco que seja...

Esta coisa tem gaitas!!! Afinal os marinheiros são como os meninos e os brinquedos novos; aliás são como os homens e as namoradas, né?

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